Pessoa falhando, caindo

“É impossível viver sem ter falhado em alguma coisa. A não ser que você tenha vivido tão cuidadosamente que não tenha vivido nada.”

Todas as realizações importantes exigem que se corra algum risco, sobretudo o do fracasso. O problema é que a sociedade em que vivemos rejeita veementemente o risco.

O perfeccionismo, quando levado ao extremo, é defeito. Não permite que se comemorem pequenas vitórias. É bom lembrar que nas olimpíadas são pouquíssimos os que vão para o pódio. Assim é no cotidiano. A perfeição pode ser um objetivo de longo prazo, não uma busca obcecada. É tarefa pra mais de uma vida. O pior são os efeitos colaterais: o perfeccionista exige perfeição de todos, dificultando suas relações com a família, com seus colegas de trabalho, com o mundo em geral.

Alguém muito critico inibe iniciativas. E há quem afirme que não existe a tal critica construtiva. Já li em algum lugar que critica construtiva é a que a gente faz, e destrutiva, a que recebemos.

Rubem Alves no seu “Ostra Feliz não faz pérola” garante que o sofrimento se encontra na comparação, que a televisão é uma máquina de infelicidade, na medida em que ela obriga a comparar. A prova disso é que muitas vezes pautamos nossa felicidade pela felicidade dos outros. Nossa necessidade de aprovação é tamanha que nos esfalfamos tentando ser o que os outros esperam de nós. Competimos por bobagens; preservativo masculino é vendido em tamanho único porque a indústria sabe que tamanho P encalharia nas farmácias. A competição acaba por produzir produtos cada vez melhores e pessoas cada vez piores. É bom não nos esquecermos de que somos únicos, singulares, e que galinha que vai atrás de pato morre afogada.

Num esforço para aperfeiçoar nossa existência editamos até nosso passado. Nas nossas lembranças, um amor perdido ou alguém que já se foi são idealizados, descritos como perfeitos e… Atrapalham qualquer nova tentativa de relacionamento, já que suas qualidades são fruto da memória seletiva e não há humano que consiga competir com um sonho. Não percebemos, mas a saudade de paraísos do passado desvia nossa atenção, explica, justifica, e impede que nos esforcemos para construir felicidade no presente.

Não se trata de incentivar o erro, mas de viver com a possibilidade dele. A melhor maneira de ter uma boa ideia ainda é ter varias ideias. Mas o aprender com os erros só acontece se ensejar identificação das causas e mudança de procedimento. Quando gastamos mais tempo tentando identificar o culpado do que corrigindo o erro, mau sinal.

A verdade é que somos seres falhos buscando aprimoramento, e a pressa e a pressão diminuem quando aceitamos a ideia de que a transformação para melhor, em qualquer nível da vida, costuma ser o resultado de um processo, de um trabalho, de um compromisso, de uma evolução e de um aprendizado.

Alvaro Loro – Storyteller

3 pensamentos sobre “Falibilidade

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