Competências para líderes de alto desempenho

Consciência de si e consciência dos outros: Líderes que inspiram podem articular valores compartilhados que repercutem e motivam o grupo. Esses são os líderes com quem as pessoas adoram trabalhar, que trazem à tona a visão que move a todos. Mas para falar do coração, para o coração, um líder precisa primeiro conhecer seus valores. Isso demanda autoconsciência.

A maior parte das competências para líderes de alto desempenho se concentra na categoria mais visível que é construída na base da empatia: forças de relacionamento, como influência e persuasão, trabalho em equipe, cooperação e coisas do gênero. A isso é necessário acrescentar a capacidade de gerenciar a si mesmo e perceber como o que faz impacta os outros.

Mas é importante ressaltar que se o líder tem altos níveis de empatia e baixos níveis de autocontrole, o desempenho também é reduzido. Empatia demais atrapalha na hora de avaliar e orientar subordinados que necessitam desenvolver-se.

O que gera perda de confiança e lealdade da equipe?

Por outro lado, se um líder tem baixo nível de empatia e um alto nível de impulso de realização, seu foco exclusivo nas metas prejudica o desempenho da equipe.

São os chamados “marcadores de ritmo”: Tendem a se valer de uma estratégia de liderança por “comando e coação”, em que simplesmente dão ordens e esperam ser obedecidos. Podem conseguir resultados de curto prazo através de atos heroicos pessoais, como sair para fechar um negócio eles próprios, mas fazem isso à custa da construção de suas organizações.

Líderes assim não ouvem, muito menos tomam decisões por consenso. Eles não se dedicam a conhecer as pessoas com quem trabalham dia após dia. São vistos como arrogantes e impacientes. Desvantagens desse estilo: cometer lapsos éticos, trabalhar com pressa e tratar mal as pessoas. O modo “simplesmente-faça” pode atingir as metas, mas ao falhar em se conectar com as pessoas cria um clima em que a confiança e a lealdade evaporam.

Toda organização precisa de pessoas com foco direcionado para objetivos importante, talentos para aprender continuamente, a ambição de fazer cada vez melhor e a capacidade de ignorar as distrações. Inovação, produtividade e crescimento dependem desse tipo de profissional de alto desempenho.Mas apenas até certo ponto.

Metas ambiciosas de receita ou crescimentonão são a única forma de avaliação da saúde de uma organização, e se elas são atingidas ao custo de outras questões básicas, perdas no longo prazo, como a saída de funcionários de qualidade, podem se sobrepor a sucessos de curto prazo, levando a fracassos posteriores. É claro que as empresas precisam de líderes focados em obter melhores resultados.

Mas esses resultados serão mais robustos no longo prazo, quando os líderes pararem de simplesmente dizer às pessoas o que elas devem fazer ou de fazer as coisas eles mesmos, e passarem a ter outro foco: a motivação em ajudar as outras pessoas a serem bem-sucedidas também.
Uma equipe numerosa é um bom lugar para desabrochar potencialidades ou para esconder-se das responsabilidades. Cabe ao líder decidir como vai ser.

Pep Guardiola disse que “líder é o que torna melhor o outro”. Uma pessoa não se sente inteira enquanto não faz parte de algo maior que ela mesma. E desmotivação é o nome que se dá à desconexão emocional entre o homem e a tarefa que ele executa.

O que mesmo que se espera de um grande líder?

Na verdade, o que se espera de um líder é muito mais: Que ele vá além do conceito vazio que a palavra adquiriu que é o de chegar ao topo, ser o mais bem sucedido da área.

O que se espera de um líder é que ele vá além das críticas, que ele proponha soluções; que ele formule perguntas ao invés de apenas responde-las; que não apenas faça, mas questiona se o que é proposto vale a pena ser feito; que busque novas formas de olhar para as coisas, novas formas de fazer as coisas, ao invés de simplesmente encabeçar a manada rumo ao precipício.

Um líder precisa ter uma visão de campo ampliada. Avaliar o contexto, levando em consideração o que está acontecendo na sociedade, na cultura e na economia.
Os líderes mais bem-sucedidos estão constantemente em busca de novas informações. Eles querem compreender o território em que operam. Precisam estar alertas a novas tendências e localizar padrões emergentes que possam ser importante para eles.

E uma tendência em alta é a preocupação com o entorno, com o meio em que a empresa atua. Uma empresa só permanecerá no mercado se a comunidade percebê-la como importante.

Se vemos uma empresa como pouco mais do que uma máquina de fazer dinheiro, ignoramos sua rede de conexões com as pessoas que trabalham lá, as comunidades em que elas operam seus consumidores e clientes e a sociedade de modo geral. Líderes com uma visão mais ampla trazem esses relacionamentos para o foco também.

Embora ganhar dinheiro seja importante, é claro, líderes com essa visão aumentada prestam atenção em como ganha-lo e, assim, fazem escolhas de um modo diferente. Suas decisões operam por uma lógica que não se reduz a simples cálculos de lucro/prejuízo, ela vai além da linguagem da economia. Eles equilibram o retorno financeiro com o bem público.

De um líder exige-se coerência, senso de justiça, sensibilidade, honra, coragem, ética, elegância, altruísmo… E essas qualidades não são inatas, são construídas, formam o que se chama de caráter. É um acervo pessoal posto a serviço da coletividade. É o que confere credibilidade e lhe permite propor projetos para agora e para o futuro semeando desafios e esperanças. Quando o esforço é impulsionado pela esperança, não se chama esforço, mas desafio.

Liderança é um talento ou é construção? Um pouco das duas coisas. Um bom líder acrescenta à sua habilidade natural esforço pessoal. Talento é importante, alargar a estrada, facilita o trajeto, mas o caminho precisa ser percorrido. E humildade e clareza de propósito fazem parte da caminhada. São muitas as questões a serem respondidas.

Alvaro Loro – Psicólogo e Sotryteller

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