Felicidade é uma palavrinha enjoada, que remete só ao bom, mas dou a ela outro significado: é uma inclinação abrangente e corajosa para a vida, que nunca é só boa. Martha Medeiros


Felicidade não é uma coisa absoluta. Como as noções de quente ou frio, ela só se define pelo contraste com o seu oposto. Se você eliminar a felicidade, então não há mais por que falar em felicidade – fica tudo a mesma coisa. Por definição, se você está feliz, você sabe. Como buscamos felicidade é tão importante como alcançá-la. Uma vida virtuosa leva a uma vida feliz.

A coisa não está na partida e nem na chegada. Está é na travessia.
Guimarães Rosa
.

Felicidade e infelicidade não opostas, não são dois lados de uma mesma moeda. São diferentes moedas. É possível que uma pessoa feliz tenha períodos de infelicidade, e que uma pessoa infeliz experimente grandes momentos de alegria. Felicidade, ao contrário do que muita gente pensa, não está diretamente ligada à riqueza ou sucesso. O sucesso é uma medida que depende de reconhecimento externo, já a felicidade é uma medida interna.

Quanto à riqueza, Nilton Bonder no livro Exercícios D’Alma diz “para muitas pessoas o ato de fazer dinheiro exige tanto sacrifício de sonhos pessoais e de pequenos detalhes fundamentais da vida, que se tornam amarguradas com suas posses. São capazes de gastar fortunas para tentar satisfazer algum desejo que compense todos os sacrifícios realizados para ganhar dinheiro.

Por esta razão não conseguem abrir mão para a solidariedade. Na verdade, não conseguem enxergar nenhum maior carente, por mais miserável, além de si próprios”.

É uma conta cujo resultado é zero: O que se ganhou de renda psíquica advinda do maior consumo, neutralizou o que se perdeu com queda da renda psíquica oriunda do maior estresse e desconforto não monetários. Aliás, para a maior parte das pessoas ricas, a principal fruição da riqueza consiste em poder exibi-la. Se os pobres simplesmente rissem e ignorassem, o circo desabaria.

As pesquisas sobre felicidade mostram que a satisfação de certas necessidades básicas, como nutrição e moradia, têm forte impacto positivo no bem-estar subjetivo das pessoas nas mais diferentes culturas. Mas a partir de certo ponto, ou seja, quando as necessidades biológicas primárias foram satisfeitas, as pessoas passam a prestar mais atenção e a se preocupar com outras coisas.

O que passa a importar crescentemente agora é como a pessoa se percebe diante dos outros e diante do seu grupo de referência, diante daqueles cujo sentimento e opinião contam para ela.
Perigo! é aí que entra a comparação. É importante aprender a reconhecer que o que faz você feliz é muito diferente do que as pessoas dizem que deveria fazer você feliz.

Jenny Lawson no seu livro Alucinadamente feliz diz: “É um dom maravilhoso ser capaz de reconhecer que as coisas que fazem você mais feliz são muito mais fáceis de conseguir do que você imagina.

Há tanta liberdade em poder celebrar e apreciar os momentos únicos que recarregam as suas energias e lhe dão paz e alegria. É claro que alguns preferem tapetes vermelhos e paparazzi. Acontece que eu só quero picolés de banana.
Mergulhados em rum. Isso não significa que não sei apreciar as boas coisas da vida. Significa que sei reconhecer quais são as boas coisas da vida para mim.

Isso faz sentido porque no fim da vida, ninguém diz coisas do tipo “Graças a Deus eu fiz um passeio de elefante”. Em vez disso, dizem: “Eu queria ter passado mais tempo com as pessoas que amo”.

Ainda Jenny: “sou privilegiada por conseguir reconhecer que o som do riso é uma benção, é música. Por perceber que as horas felizes passadas com minha família e meus amigos são tesouros extraordinários a serem guardados, porque esses momentos são como medicamentos, como bálsamos.

São promessas de que vale a pena lutar pela vida, e essa promessa é o que faz prosseguir quando a depressão distorce a realidade e tenta me convencer do contrário”.

Alvaro Loro – Psicólogo e Storyteller

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.